PESQUISADORES DO RIO DE JANEIRO PARTICIPAM DE ATIVIDADE EM TERRA INDÍGENA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Os professores do Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Roberto Linhares de Mattos e Sandra Maria Nascimento de Mattos, participaram de atividades de aula e de pesquisa, com o aluno de Pós-Graduação Gamalonô Surui e com o professor do Instituto Federal de Rondônia, Antonio Ferreira Neto, na aldeia Paiter, linha 09, da Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal – RO.
Os pesquisadores já desenvolvem pesquisa há algum tempo com a etnia Paiter Suruí, na área de etnomatemática e educação escolar indígena, com orientação de trabalhos acadêmicos, incluindo a orientação de dissertação de mestrado do professor indígena Paiter Gamalonô Suruí e a dissertação de mestrado e a tese de doutorado de Antonio Ferreira Neto.
Leia na íntegra a notícia enviada pelo Prof. Linhares.
Eles participaram de uma atividade tradicional piscatória, chamada “Bater Timbó”, organizada pelo professor indígena Gamalonô e pelo Cacique Rafael Mopimop Surui. Na ocasião, os pesquisadores José Linhares e Sandra Mattos foram batizados como Paiter pelo cacique, recebendo os nomes Oy Nyã Pamatoht e Walet Asoe Mapihn, respectivamente, e visitaram, também, o Centro Cultural Indígena Paiter Wagôh Pakob.
Os professores José Linhares, Sandra Mattos, Antonio Ferreira Neto e Gamalonô Surui são membros do Grupo de Pesquisa “Brazilian Urban Boundaries” (http://fronteirasurbanas.wixsite.com/-bub), que tem coordenação brasileira de José Linhares e Cristiane Coppe, coordenação europeia de Monica Mesquita e tem como membro consultor Ubiratan D’Ambrosio. Este grupo de pesquisa internacional tem como uma de suas instituições parceiras a Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí, localizada na cidade de Cacoal, no estado de Rondônia, e a Terra Indígena Sete de Setembro como uma comunidade de pesquisa.
Como a maioria dos povos indígenas da Amazônia brasileira, os Paiter sempre tiveram a caça e a pesca como as principais fontes de alimentação. Antes do contato com os não indígenas, eles usavam como instrumentos de pesca, basicamente a flecha e um cipó, de nome Markap e conhecido como Timbó. O Por meio de seus saberes culturais, os Paiter sabem que esta espécie de cipó possui uma substância que ao ser extraída e entrar em contato com a água dos rios e igarapés, produz um efeito sobre os peixes, permitindo pegá-los facilmente com as mãos.
Junto ao cipó Markap, é colocada a casca da árvore “Tamburi”, que produz uma espuma que acentua o efeito do cipó na água. Depois de algum tempo, a água escurece e perde oxigenação, fazendo com que os peixes fiquem “tontos”, sendo golpeados e retirados da água.
A pescaria com timbó é coletiva, ou seja, toda a aldeia participa dela, onde cada membro tem a sua função, inclusive as crianças que pegam os peixes. É uma atividade que pode durar mais de um dia na mata, fazendo com que as famílias montem um acampamento.
Este tipo de atividade de pesca é uma ação da educação indígena que também é explorada pelo professor Paiter, na educação escolar indígena, como um processo interdisciplinar com diferentes conteúdos das disciplinas escolares. Em particular, o professor indígena pode contextualizar conteúdos da disciplina matemática, utilizando os conhecimentos etnomatemáticos presentes nesta prática cultural.